segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um quarto dos alunos no 3º ano do fundamental não fazem contas simples de adição

Eduardo Vanini e  Paula Ferreira
O Globo

Além disso, 32,78% dos estudantes de escolas públicas do país estão no nível 2, também considerado insatisfatório

Departamento de Arte/O Globo
 O desempenho dos alunos em Matemática 

RIO — Um em cada quatro estudantes no 3º ano do ensino fundamental nas escolas públicas brasileiras está no nível mais baixo de aprendizado de matemática, segundo a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), divulgada nesta quinta-feira. Isto quer dizer que eles não sabem resolver problemas básicos da disciplina, como contas de adição (com três algarismos) ou subtração (com dois algarismos) sem reagrupamento.

Os conceitos foram divididos em quatro níveis. A maior parcela dos alunos, 32,78%, está no nível 2, também considerado insatisfatório. No terceiro nível estão 17,78% e, na melhor classificação (nível 4), estão 25,15% dos alunos brasileiros.

No nível 1, espera-se apenas que o aluno saiba ler horas e minutos no relógio digital, reconheça medidas em termômetro e régua e saiba comparar comprimento de imagens. Segundo a ANA, os alunos que estão no nível 4 têm a percepção sobre cálculos mais complexos, com maior número de algarismos, além de saber multiplicar.

A avaliação é direcionada a unidades escolares e estudantes matriculados no 3º ano do ensino fundamental, fase final do ciclo de alfabetização, e produzirá indicadores no âmbito das escolas públicas brasileiras. Através de questionários contextuais e teste de desempenho, foram verificados o nível de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e a alfabetização em Matemática.

Entre as regiões, a que registrou maior índice de alunos no pior nível de matemática foi o Nordeste, com 38,59% dos alunos avaliados nesta faixa. No cenário oposto, com maior número de estudantes no nível 4 (o mais elevado) está a região Sudeste, com 36,13%.

Para Inês Kisil Miskalo, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna, o cenário é alarmante e precisa ser analisado com atenção. Como ela destaca, em vários estados, mais da metade dos alunos estão nos níveis 1 e 2 em Matemática.

— Se pensarmos que o raciocínio lógico é construído pela Matemática, percebemos o quanto essa defasagem é significativa. Essas crianças terão dificuldade para construir um pensamento financeiro e, consequentemente, problemas na compreensão de outras disciplinas— disse.

Segundo Inês, esse aprendizado inadequado é fruto de um ensino falho ao longo das outras duas séries que antecedem o 3º ano. E ela atribui parte dessa baixa a falhas na formação de professores.

— Percebemos que muitos professores que atuam nessas turmas não passaram pela faculdade e não tiveram muito contato com a prática. A formação deles ainda é muito teórica — avalia. Precisamos ter uma rede de professores mais bem preparados para lidar com a alfabetização.

No Rio, a maior parte dos estudantes encontra-se no nível 2 de desempenho, índice que concentra 37,32% do total. Na pior faixa estão 23,94% dos alunos e, na melhor, 19,97%.

Os resultados da ANA não compõem o Índice de Desenvolvimento Educação Básica, o Ideb, mas funcionam como um diagnóstico das crianças na alfabetização. Este ano, a avaliação, que começou a ser aplicada em 2013, seria aplicada pela terceira vez, mas foi suspensa em função dos cortes de gasto.

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