segunda-feira, 12 de outubro de 2015

História em currículo não pode 'descambar para ideologia', defende ex-ministro

O Estado de S. Paulo

Renato Janine Ribeiro afirmou no Facebook que a Base Nacional Comum apresentava falhas em relação à disciplina


O ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro

SÃO PAULO - O ex-ministro de Educação e filósofo Renato Janine Ribeiro afirmou em sua página no Facebook que o conteúdo de História da Base Nacional Comum (BNC) deve conter "ensinamento crítico, mas sem descambar para a ideologia". 

Conforme mostrou o Estado em setembro, o documento prévio da base, que vai definir o currículo de toda a educação básica no País, foi publicado sem conter a disciplina  por causa de falhas conceituais e textuais.

"O fato é que o documento de História tem falhas. Tanto assim que retardei sua publicação e solicitei ao grupo que o elaborou que o refizesse. Mas eles mudaram pouca coisa", disse o ex-ministro na rede social.  

Os textos da BNC de todas as disciplinas passam agora por consulta pública para receber críticas e sugestões de especialistas e da sociedade para que uma proposta final seja apresentada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) ainda nos primeiros meses de 2016.

Janine reclamou que a primeira versão do texto de História "ignorava quase por completo o que não fosse Brasil e África". "Não havia, na proposta, uma história do mundo. Quando muito, no ensino médio, uma visão brasilcêntrico das relações com outros continentes", disse ele. 

O filósofo acredita que o novo ministro que o substituiu, Aloizio Mercadante, evitará "qualquer viés ideológico". "É direito de todo jovem saber o trajeto histórico do mundo. Precisa aprender sobre a Renascença, as revoluções, muita coisa. Mas não há uma interpretação única de nenhum desses fenômenos. E é esta diversidade que a educação democrática e de qualidade deve garantir".

Procurado, o MEC informou que não vai comentar a declaração do ex-ministro por se tratar de "opinião pessoal".

SAIBA COMO É A BASE CURRICULAR EM OUTROS PAÍSES DO MUNDO

REUTERS


ESTADOS UNIDOS - Sofreu forte oposição. Para seguir processo, país definiu apenas padrões para Inglês e Matemática

PORTUGAL - Não define como ensinar, mas detalha objetivos de aprendizagem

FINLÂNDIA - É um dos que dão mais autonomia às escolas, tendo a base nacional como um norte

ÁFRICA DO SUL - Respeita a identidade de diversos grupos culturais. No ensino fundamental, prevê o aprendizado de 11 idiomas

CUBA - Tem formato mais centralizador: documento do Ministério da Educação define o que ensinar e como ensinar, com carga horária específica

COREIA DO SUL - Enfatiza o estímulo ao talento individual do aluno e à criatividade

AUSTRÁLIA - A base comum descreve 80% do conteúdo, que é obrigatório. Entre as áreas de aprendizagem, inclui tecnologias

BRASIL - Tem previsão de ficar pronta até julho de 2016. O documento feito pelo MEC ainda vai passar por consultas públicas

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