segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Bolsonaro extingue medalha em homenagem a Paulo Freire

 Redação

Catraca Livre

 © Divulgação

Um decreto editado por Jair Bolsonaro, publicado no Diário Oficial da União (DOU), retoma o Programa Brasil Alfabetizado e extingue a Medalha Paulo Freire. O prêmio era concedido a educadores ou instituições que se destacaram na luta para erradicação do analfabetismo no Brasil.

Bolsonaro e bolsonaristas frequentemente atacam a imagem de Paulo Freire e questionam os seus métodos.

De acordo com o decreto, estados e municípios voltarão a receber auxílio financeiro e técnico do governo federal para alfabetização de jovens acima de 15 anos e adultos, mas a adesão é voluntária.

O Programa Brasil Alfabetizado estava parado desde 2016, segundo dados do próprio Ministério da Educação (MEC), e foi criado em 2003. O programa beneficiou aproximadamente 15 milhões de brasileiros.

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Paulo Freire

A vida e a obra de Paulo Reglus Neves Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país – Recife, Pernambuco, em 1921 – ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.

A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e “métodos”, os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.

De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.

A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.

A obra de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição.

O teórico da educação, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com ao menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da Unesco.

Ele morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, em São Paulo.

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